A mudança da sede do governo português significou o transplante para o Brasil de uma máquina de Estado imensa, dispendiosa, marcada pelo empreguismo e pela corrupção. (desde então nada mudou).
Logo após sua chegada, D. João instalou uma série de ministérios, tribunais, secretarias e cartórios, destinados a viabilizar seu governo e a sustentar a elite portuguesa que veio com ele.
A permanência da corte no Brasil era bastante onerosa (gastava-se muito) aos cofres públicos, e para mantê-la aumentaram-se os impostos. Em 1808, fundou-se o Banco do Brasil, basicamente com a mesma finalidade. O comércio interno continuava nas mãos dos portugueses. Altos impostos e carestia generalizada caracterizaram o período joanino, afetando toda população.
As elites brasileiras, apesar de marginalizadas dos cargos políticos e militares, foram agraciadas com títulos e honrarias, e logo aderiram aos novos hábitos cortesãos importados da metrópole.
D. João (1767-1826) terceiro filho de Pedro III com a rainha Maria I. Aclamado rei de Portugal, Brasil e Algarves em 1818
A abertura econômica trouxe também importantes e significativos aspectos de modernização: o primeiro engenho movido a vapor foi instalado na Bahia, em 1815. Um ano depois, Pernambuco também aderia à inovação técnica.
O aumento da população brasileira foi outro aspecto que pode ser computado no rol das transformações. Entre 1798 e 1818, a população do país cresceu cerca de 30%.
Dos quase 4 milhões de habitantes em 1818, cerca de 2 milhões eram ainda trabalhadores escravos.
Mudanças culturais
O desenvolvimento comercial e urbano também propiciou novos horizontes culturais. Um número maior de livros, revistas e jornais estrangeiros passou a circular no Brasil. O príncipe regente ampliou as Escolas Régias, fundou escolas médicas na Bahia e no Rio de Janeiro, escolas de artes e ofícios em várias cidades, e estimulou a vinda de artistas e intelectuais estrangeiros ao Brasil. E finalmente, com a criação da Imprensa Régia, apareceram os primeiros jornais brasileiros: A Gazeta do Rio de Janeiro, em 1808, e A idade d'Ouro do Brasil, em Salvados, em 1810.
Reprodução do primeiro número do jornal A Gazeta do Rio de Janeiro, publicado em 10 de Setembro de 1808.
Em 1814, foi fundada a Biblioteca Nacional, com mais de 60 mil volumes. Em 1816, D. João convidou a missão cultural francesa para visitar o Brasil. O mais famoso membro dessa missão foi Jean-Baptiste Debret, que deixou várias pinturas, aquarelas e desenhos registrando os costumes do Brasil de D. João.
Na sua ação administrativa, D. João tentou o impossível: conciliar interesses lusitanos e brasileiros, mercantilistas e liberais. As tensões eram cada vez maiores, manifestando-se, de forma mais aguda na Revolução Pernambucana de 1817.
PEDRO, Antônio. História de civilização ocidental. ensino médico. volume único.