Luana LLeras/UnB Agência |
Prêmio Marcantonio Vilaça 2009 foi entregue, pela primeira vez, a um grupo de estudantes universitários
Thássia Alves - Da Secretaria de Comunicação da UnBUm grupo de alunos da Universidade de Brasília foi contemplado com o Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça 2009. Netinho Maia, Lauro Gontijo, Wesley de Souza, Fernando Nisio e Clarissa Paiva são os primeiros universitários do Brasil a receberem o prêmio. O projeto intitulado A ?Cara? de Brasília é uma homenagem dos estudantes aos 50 anos da cidade. Os ganhadores vão receber R$ 90 mil. A obra foi doada ao acervo da Casa da Cultura da América Latina da UnB (CAL/DEX).
Composta de pintura e vídeo, a tela reúne dezenas de pequenas pinturas da capital federal. Juntas elas formam um mosaico com a imagem de uma criança. ?A ideia era usar fotos de diferentes lugares e épocas, desde a construção até os dias de hoje?, conta Netinho Maia. O grupo passou por momentos de indecisão quanto à imagem que seria formada. ?Ficamos na dúvida se usaríamos a imagem de algum pioneiro ou de uma criança. Escolhemos a criança, pois ela representa a evolução e simboliza uma cidade jovem que ainda está crescendo?, explica o estudante.
O mosaico ainda usa vídeos de Brasília. As cenas são passadas como um pano de fundo da pintura. ?Usamos vídeos do Arquivo Público e slides. Temos imagens de Juscelino Kubitschek, Lúcio Costa e Jânio Quadros, mas também de pessoas comuns. Nossa intenção foi mostrar imagens que vão além da construção da cidade. Por isso, escolhemos cenas do cotidiano do brasiliense na rodoviária, em cidades satélites?, diz.
CONCEPÇÃO - A ideia surgiu em uma disciplina do 5º semestre. Orientados pela professora Thérèse Hofmann Gatti, o grupo trabalhou em um projeto interdisciplinar em que tiveram contato com vários editais de concursos. ?Nos inscrevemos como forma de aprendizado e acabou dando certo?, lembra Lauro. ?A Thérèse teve participação fundamental no projeto. Foi ela quem foi atrás de um espaço físico para trabalharmos, que entrou em contato com a CAL e esteve sempre muito disposta. Foi ela quem nos mostrou o caminho para que tudo acontecesse?, completa Wesley.
A professora explica que a intenção da matéria é conceber, junto com os alunos, projetos que possam concorrer a prêmios. ?Uma aluna trouxe esse edital, que não estava previsto, e passei para toda turma. Propus como um exercício sério e os cinco se habilitaram?. Segundo Thérèse, o grupo encarou o desafio como profissionais. ?Isso mostra que eles realmente se dedicaram. Isso é muito importante para estimular outros estudantes?.
A participação da Casa de Cultura da América Latina, do Decanato de Extensão, também foi fundamental para que o projeto seguisse em frente. O edital previa que o trabalho ganhador tivesse uma instituição pública ou privada na condição de recebedora da obra. Procurada por Thérèse, a diretora do espaço apostou nos meninos. ?A gente oferece essa possibilidade para artistas novos que possuem um trabalho consistente?, afirma Ana Queiroz. ?O projeto deles nos seduziu. Quando nós lemos, vimos que valia a pena?, completa a diretora da CAL.
Ana explica que esta é uma das grandes barreiras encontradas por jovens artistas. ?Sem o apoio de um estabelecimento, é muito difícil iniciar uma carreira. Uma das missões da Casa é abrigar trabalhos de pessoas novas. Mas é óbvio que existe um crivo. Somos parceiros dos estudantes e queremos que isso aconteça mais vezes?, assegura.
A tela estará em exposição na Casa da Cultura da América Latina da UnB (CAL/DEX), em 27 de maio. O trabalho do grupo também poderá ser visto na Semana de Extensão da UnB.
O prêmio é uma iniciativa da Fundação Nacional de Artes (Funarte). O objetivo da premiação é incentivar produções artísticas inéditas destinadas ao acervo de instituições museológicas públicas e privadas sem fins lucrativos, fomentando a difusão e a criação das artes visuais no Brasil e a formação de público. O investimento total é de R$ 1,3 milhão. São concedidos 15 prêmios para as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Sendo três prêmios para cada uma das regiões, dois no valor de R$ 90 mil e um de R$ 50 mil.
MARCANTONIO VILAÇA ? Curador, colecionador e galerista, Vilaça é considerado um dos responsáveis pelo desenvolvimento da arte contemporânea no Brasil e por sua inserção no mercado internacional das artes nos anos 1990. A coleção do pernambucano, com mais de 2 mil obras, é um parâmetro de qualidade no Brasil e percorreu museus de várias capitais brasileiras. Ele faleceu em janeiro de 2000, aos 37 anos.
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