Na Inglaterra, país mais industrializado do Século XIX, com o maior número de operários da Europa, foi onde se iniciaram as primeiras reações da classe trabalhadora.
Nas primeiras décadas da Revolução Industrial, a sociedade inglesa se modificou. O norte e o oeste do país converteram-se em pontos de concentração demográfica e as condições de vida dos operários eram as mais terríveis. As habitações eram precárias, chegando a abrigar de 15 a 20 pessoas por quarto, expostas à sujeira e à umidade.
Nas fábricas, o trabalho era freqüentemente feito por mulheres e crianças. A mecanização aumentava a produtividade e os lucros, mas fazia crescer o desemprego. Assim, as máquinas geravam riqueza e indigência ao mesmo tempo.
O fim da guerra com Napoleão deixou a Inglaterra em crise econômica e financeira, o que teve imediatos efeitos sobre a população. O aumento dos preços e dos impostos fez com que a população reivindicasse a diminuição dos impostos e a reforma no Parlamento.
A primeira luta de caráter mais diretamente político, empreendida pelos operários ingleses foi pela conquista do sufrágio universal (adesão, voto) e contou com o apoio de parte da burguesia, aquela que não tinha representantes na Câmara dos Comuns.
Em 1832, sob pressão, o Parlamento apoiou a reforma que suprimiu as "cidades mortas" (pequenas cidades controladas pela nobreza), abaixava o censo eleitoral e aumentava o número de deputados.
Essa reforma parlamentar satisfez a burguesia, mas não trouxe benefícios aos trabalhadores. Em 1836, alguns operários agruparam-se, formando a "Associação dos Operários", que continuava a luta pelo sufrágio universal. Em 1837, a associação redigiu a "Carta ao Povo" (daí o nome cartista, de carta), contendo seis pontos de reivindicação: sufrágio universal, igualdade dos distritos eleitorais, supressão do censo, eleições anuais, voto secreto, pagamento aos deputados do Parlamento.
Ilustração representa trabalhadores dirigindo-se ao Parlamento para entregar uma petição do movimento cartista, com 3 milhões de assinaturas, em 1842
O movimento cartista era dividido em duas correntes: a da "força moral", que pregava a luta por meios pacíficos e a da "força física", que propunha a preparação de uma insurreição armada.
Apesar dessa divisão, os cartistas fizeram conquistas consideráveis para a classe operária, como: lei de proteção ao trabalho infantil. (1833), lei de imprensa (1836), reforma do Código Penal (1837), regulamentação do trabalho feminino e infantil (1842), lei de supressão dos direitos sobre os cereais e lei permitindo as associações políticas (1846), lei da jornada de trabalho de 10 horas (1847).
Em 1842, auge do movimento, foi feita uma petição que exigia o sufrágio universal e a resolução de problemas econômicos. Apesar dos 3 milhões de assinatura que a acompanhavam, a petição foi recusada pelo Parlamento.
Em 1848, organizou-se nova manifestação de apoio à petição, com 5 milhões de assinaturas. Londres foi ocupada pelo exército, que impediu a manifestação. Mesmo assim, os operários ingleses fizeram importantes conquistas.
Veja Trecho da Carta do Povo Nós dizemos à honrada Câmara [da Grã-Bretanha] que [...] as leis que criam a carestia dos alimentos e as que rareiam o dinheiro devem ser abolidas. Os impostos devem recair sobre a propriedade, não sobre a indústria. O bem-estar de grande número, único fim legítimo, deve ser a única preocupação também do governo. [...] Agrade pois, à respeitável Câmara, [...] esforçar-se, [...] em fazer [...] uma lei que garanta a todo cidadão masculino maior, são de espírito e inocente de qualquer crime, o direito de votar para deputados do Parlamento, e que institua o voto secreto para todas as eleições parlamentares futuras. ARNAUT, Luiz D.H. Textos e documentos. Departamento de História/Fafich/UFMG. s.d. www.fafich.ufmg.br/-luarnaut/cartism.PDF 10/6/2005 |
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único. CARDOSO, Oldimar. coleção: Tudo é história. ensino fundamental
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