Crise e decadência do feudalismo
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Crise e decadência do feudalismo


Na Idade Média, a exploração agrícola era predatória, isto é, explorava-se a terra até sua total exaustão. Por isso a produção agrícola estagnou e, a partir do final do século XIII, declinou. O resultado imediato foi a alta dos preços dos cereais, principalmente do trigo, alimento básico dos europeus dessa época. A falta de dinheiro por causa da paralisação do mercado agrícola agravou-se ainda mais pelo esgotamento das minas de ouro e prata, levando ao declínio do comércio  e das finanças.

A taxa de mortalidade aumentou, enquanto a de natalidade diminuiu. Com a queda na taxa de crescimento da população, diminuiu a procura de trigo e outros cereais. Com isso ocorreu um fenômeno oposto ao do momento anterior: os preços desses produtos baixaram. Ao mesmo tempo, os preços dos produtos manufaturados de luxo subiam vertiginosamente. Esses dois fatos prejudicavam os aristocratas. Por um lado, seus ganhos diminuíram, uma vez que vinham dos produtos da terra. Por outro, tinham dificuldades de comprar produtos de luxo, por causa da alta dos preços. Por isso, a aristocracia recorria à guerra e ao aumento das obrigações servis para manter o seu estilo de vida privilegiado.

As transformações sociais

A Peste Negra, como foi chamada na época, foi uma epidemia de peste bubônica trazida do Oriente por volta de 1348. Atingiu todas as regiões européias e todas as classes sociais: dizimou mais de 30% da população européia. A Peste Negra  acelerou o processo de desagregação do feudalismo, pois tornou  escassa a mão-de-obra e dizimou parte da aristocracia, concentrando o poder e a propriedade da terra. A reação da aristocracia e do patriciado urbano contra as reivindicações dos trabalhadores se torna cada vez mais violenta.

peste negra  - ilustração de Gilles li Muisit

Ilustração dos anais de Gilles li Muisit mostra vítimas da peste negra sendo levadas a um cemitério no verão de 1349 ? imagem: Bibliothèque Royale Albert I

As obrigações servis em produtos e trabalho foram gradativamente substituídas por pagamentos de uma quantia fixa em dinheiro, o que garantia uma estabilidade de rendimentos para os senhores e estimulava o camponês a aumentar a produção.

A escassez de mão-de-obra posterior à Peste Negra levou os servos a fazer exigências por melhores condições e diminuição das obrigações. Essas mudanças de pagamento de taxas transformaram as relações de produção. Muitos servos conseguiram comprar sua liberdade, prática incentivada pelos senhores feudais para aumentar suas rendas. Enfim, os senhores feudais incentivavam uma prática que, contraditoriamente, acabaria com o próprio feudalismo. Em algumas regiões aumentavam ainda mais as pressões e os laços de servidão sobre  os camponeses.

A pressão violenta exercida pelos senhores sobre os camponeses para aumentar suas rendas foi chamada de segunda servidão e deu-se principalmente na Europa oriental e na Inglaterra. Mas o resultado dessa superexploração  foi que os camponeses, depois de um certo tempo, se encontravam em total exaustão. Esse fato levou à estagnação da produção, em vez de aumenta-la. A crise do feudalismo agravava-se cada vez mais.

Camponeses e trabalhadores urbanos passaram a exigir maiores ganhos. Os senhores faziam uma contrapressão, isto é, tentava limitar cada vez mais o rendimento dos trabalhadores. O resultado desse conflito foi uma onda de rebeliões camponesas que se estendeu às cidades.

Na França, a rebelião começou na cidade de Paris, em 1358, e a população exigia o fim das pesadas taxações cobradas pelo rei para manter a Guerra dos Cem anos. Também os camponeses franceses se rebelaram nessa época, unindo-se aos revoltosos das cidades e ameaçando os senhores. Esses levantes foram reprimidos e seus líderes executados.

Em 1381, explodiu na Inglaterra outro movimento popular  camponês, liderado por John Ball, que pregava contra a Igreja e os grandes proprietários, responsabilizando-os pela miséria e pela fome. Aliados a outros camponeses, esses rebeldes tomaram Londres e exigiram a abolição da escravidão. Essa sublevação também foi reprimida.

Uma das principais transformações sociais decorrentes da crise do sistema feudal foi a consolidação de uma nova classe social: a burguesia (habitantes do burgo-cidade). Essa classe nasceu dentro do próprio feudalismo e cresceu com a expansão econômica. Dominava as atividades comerciais, artesanais e bancárias. Os burgueses passaram a comprar terras dos senhores feudais e a investir na produção agrícola. Essa classe foi muito importante na desagregação do feudalismo, pois começou a deslocar, lentamente, o eixo da economia para as atividades comerciais urbanas.

 fonte:Pedro, Antônio. História da Civilização:ensino médio ? volume único




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