Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário a um povo dissolver os laços políticos que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe dão direito as leis da natureza e as do Deus da natureza, o respeito digno às opiniões dos homens exige que se declarem as causas que os levam a essa separação.
Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura pela felicidade. Que afim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de altera-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade. Na realidade, a prudência recomenda que não se mudem os governos instituídos há muito tempo por motivos leves e passageiros; e assim sendo, toda experiência tem mostrado que os homens estão mais dispostos a sofrer, enquanto os males são suportáveis, do que a se desagravar, abolindo as formas a que se acostumaram. Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objetivo indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo absoluto, assistem-lhe o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e instituir novos Guardiães para sua futura segurança. Tal tem sido o sofrimento paciente destas colônias e tal agora a necessidade que as força a alterar os sistemas anteriores de governo. A história do atual rei da Grã-Bretanha compõe-se de repetidas injúrias e usurpações, tendo todos por objetivo direto o estabelecimento da tirania absoluta sobre estes Estados. (...)
Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. In: O Portal da História - Teoria Política.http://www.arqnet.pt/portal/universal/teoria/declaração_vport.html
O significado da Independência dos Estados Unidos
Pela primeira vez estava rompido o cordão umbilical que prendia a colônia à metrópole, representado pelo pacto colonial. A essência do absolutismo era o mercantilismo, e a essência do mercantilismo era o pacto colonial. A ruptura de um desses elos significou que existia uma crise profunda no ar, iniciada na própria Inglaterra com as revoluções do século XVII e continuada no século seguinte com a Revolução Industrial e a revolução intelectual dos iluministas. Todos esses acontecimentos foram elementos de um mesmo processo: a crise do absolutismo e do mercantilismo, que teve seu ponto culminante na Revolução Francesa.
PEDRO, Antonio. História da Civilização ocidental. ensino fundamental. volume único