O texto a seguir é formado por trechos da obra História romana, escrita por Cássio Dión, que viveu entre 165 d.C e 229 d.C. Nessa obra Dión analisa o processo de formação e consolidação do Império romano até o ano 229 d.C.
Foi da maneira que se segue que todos os poderes do Senado e do povo passaram a Augusto, a partir de quem se estabeleceu uma verdadeira monarquia [?]. No entanto, os romanos detestam tanto o nome monarquia que se recusam a chamar seus imperadores de ditadores, reis ou de qualquer outro nome do gênero. Contudo, como toda a administração do Estado está em suas mãos, não se pode deixar de considera-los reis.
É verdade que ainda hoje os magistrados são nomeados segundo as leis, com exceção dos da censura; no entanto, toda a administração e todo encaminhamento das questões seguem os desejos daqueles que detém o poder. A fim de aparentar exercer o poder, não por vontade própria, mas conforme a lei, os imperadores se atribuem, além desse título, todos aqueles que, com exceção da ditadura, dependiam, no tempo da república, da vontade do povo e do Senado. [?]
Por causa desses títulos, procedem eles à organização das tropas, fazem recolher os impostos, declaram a guerra e fazem a paz, comandam em todos os lugares e sempre, tanto os aliados como os romanos, podendo ordenar a execução de cavalheiros e senadores [?]; desta maneira, detêm eles todos os poderes que outrora detinham os cônsules e outros magistrados. [?]
Todas essas funções tem sua origem na República e eles as executam da maneira como eram exercidas tradicionalmente; desse modo, assumindo-as, eles não parecem ostentar nenhum poder que não lhes tenha sido concedido.
DION, Cássio.In: PINSKY, Jaime. 100 textos de História antiga. São Paulo: Contexto, 1991, p 96-7.