Apesar da riqueza do Império romano e dos privilégios que a cidade oferecia com água encanada, esgotos, iluminação noturna e comércio variado, a população viva na pobreza em quartos apertados situados em prédios de até seis andares, as insalue .
Essas habitações, além de apertadas e desconfortáveis, eram pouco higiênicas, os piolhos, pulgas e ratos se multiplicavam por todos os cantos. Não havia segurança, pois sempre havia o risco de incêndios e desabamentos.
Havia, porém, uma minoria formada pelos ricos que viviam em mansões luxuosas e confortáveis. Apesar de serem poucas são elas as mais bem conhecidas pelos arqueólogos. Por uma razão simples: as casas dos ricos duravam mais tempo por serem construídas com materiais mais resistentes, como o mármore, no caso de Roma.
As mansões tinham piscinas no interior e jardins enfeitados com estátuas nos fundos. Muito comum era as paredes serem decoradas com pinturas. Em geral os homens quase não usavam cadeiras, preferindo leitos ou camas. As cadeiras eram reservadas às mulheres.
Nesses ambientes eram realizados banquetes com muita comida e bebida, apresentações de dança e música. O escritor Petrônio que viveu na época de Nero descreve um desses banquetes em uma obra de ficção que compôs, o Satyricon:
Nem bem sentamos à mesa e alguns escravos de Alexandria derramaram sobre nossas mãos, água gelada, enquanto outros ajoelhados a nossos pés, limpavam nossas unhas com grande habilidade. Todos eles faziam isso e cantavam ao mesmo tempo. Pedi algo para beber e logo um escravo, cantando um pouco diferente, serviu-me. Sempre estavam cantando e aprecia um coro de uma peça teatral, não algo doméstico.
Logo começou a servir-se a entrada aos vários convidados, à exceção do dono da casa. Trimalcião, ao qual se reservava o lugar de honra. No meio havia um asninho de bronze (?) com azeitonas verdes e negras. Estava coberto por dois pratos, com o nome Trimalcião e um peso de prata.
(FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Roma: vida pública e vida privada. p.49.)
Como podemos ver, os documentos escritos são importantes. Mas, não são os únicos que nos informam sobre o passado. Parte do que sabemos do Império romano, por exemplo, chegou até nós por meio do que se encontrou em Pompéia, uma cidade situada no litoral da Itália.
Pompéia
Tudo começou na manhã de 24 de agosto de 79 d.C., em Pompéia, uma cidade rica e próspera situada no litoral da Itália e conhecida por sua grande produção de vinhos.
De repente, mais ou menos às 10 horas da manhã, o vulcão Vesúvio entrou em erupção, e uma nuvem escura pairou sobre ele. Em seguida, uma chuva de pedras, lançada pelo vulcão, caiu sobre a cidade. As pessoas entraram em pânico. Algumas fugiram em direção à praia, mas também não tiveram sorte, pois acontecia ao mesmo tempo, um terrível maremoto. Boa parte dos que escaparam dos desmoronamentos morreu asfixiada pela nuvem de gás que se abateu sobre a cidade.
Pompéia permaneceu soterrada por séculos e só foi descoberta através de escavações iniciadas no século XVIII. Os pesquisadores encontraram mansões, templos, o anfiteatro da cidade, o mercado e o edifício onde eram realizadas as eleições municipais.
Mas a maior surpresa de seus descobridores foi, talvez, ver o momento de horror que sucederam a erupção também tinham sido preservados. É como se a cinza vulcânica tivesse transformado as pessoas em estátuas. É possível ver as expressões de medo, de aflição etc. Entre as vítimas há também um cão que morreu ao lado do seu dono.
Pompéia é um caso único na arqueologia. Na maioria das vezes os arqueólogos tem que lidar com uns poucos vestígios, sendo obrigados a montar verdadeiros quebra-cabeças, em que sempre faltam peças.
Foto de corpos de habitantes de Pompéia mortos devido a erupção vulcânica
fonte: BOULOS JUNIOR, Alfredo. Coleção História Sociedade & Cidadania.