Indígenas
Tupis e Tapuias
Na época da descoberta, os indígenas brasileiros, de uma maneira geral, eram nômades, não dispunham de uma civilização agrícola, viviam da caça, pesca e coleta. Destacavam-se dois grandes grupos: no litoral, os tupis; e no interior, inimigos dos tupis, os jês, também conhecidos como tapuias. Desconheciam a escrita, os metais, não utilizavam pedra como material de construção, bem como não chegavam a domesticar animais.
- Tupis: Tinham como ponto de dispersão os vales dos rios Paraná e Paraguai. Espalharam-se por toda a costa desde o sul até a foz do Amazonas e margens dos afluentes meridionais desse rio. Os tupis estavam divididos em muitas tribos que recebiam denominações locais, por exemplo: potiguaras, do Rio Grande do Norte até a Paraíba; caetés, desde a Paraíba ao Rio São Francisco; tupinambás ou tamoios e tupiniquins, do Rio São Francisco até o Sul; temininós, em Cananéia.
- Tapuias: tinham como ponto de dispersão Minas Gerais e Espírito Santo no Planalto Central. Também tinham vários nomes locais como, por exemplo: aimorés, no sul da Bahia; botocudos, no Espírito Santo e Minas Gerais; apinagés, no Maranhão.
Tabas
Em geral os indígenas moravam em aldeias chamadas tabas. As tabas eram uma reunião de grandes galpões ou ocas, dispostas de maneira pentagonal no interior de uma cerca circular. Essa cerca era chamada de caiçara. No centro da taba existia uma praça (ocara) para decidir sobre as questões importantes. O líder chamava-se tuxaua, a quem os líderes guerreiros, os morubixabas, ficavam subordinados.
Taba ou Maloca
Vida na Taba
Geralmente eram monogâmicos, ou seja, só tinham uma esposa. Entretanto, os chefes podiam esposar quantas mulheres fossem capazes de sustentar. Quando um elemento de um grupo desejasse desposar a mulher que pertencesse a outro grupo, era comum aquele trabalhar para seu futuro sogro por algum tempo. Em outras tribos era costume o pretendente se submeter a várias provas para comprovar sua virilidade. As viúvas e filhos de grandes guerreiros podiam usar o pariuate-ra, que era um cinto de algodão trançado pelo próprio tuxaua e ornado de dentes de guerreiros inimigos. Era um símbolo de bravura e seus portadores estavam dispensados de trabalhar, cabendo à tribo a obrigação de sustenta-los. Os homens dedicavam-se à caça, pesca, coleta e guerra. A mulher (cunhã) dedicava-se aos afazeres domésticos e aos cuidados com as crianças, os curumins. Era comum a instituição da couvade: o marido ficava em repouso e dieta enquanto a esposa dava à luz e cuidava dele, da casa e do recém-nascido.
Antropofagia e Guerra
Os indígenas brasileiros eram antropófagos. Algumas tribos devoravam seus próprios mortos, acreditando adquirir as virtudes do falecido. Outras devoravam também os inimigos, como se quisessem se desforrar das ofensas cometidas por eles. Havia um costume muito comum entre os indígenas, chamado cunhamembira: o prisioneiro de uma tribo, antes de ser executado e devorado, era muito bem tratado. Recebia uma esposa que às vezes dava a luz, meses após a execução do prisioneiro. A mãe devia entregar a criança a um parente próximo para que este a executasse numa solenidade chamada cunhamembira (festa do filho do inimigo), na qual a mãe seria a primeira a comer a carne do filho. A guerra era muito comum entre os grupos, sobretudo na disputa por áreas de caça e pesca.
Religião
Eram politeístas. O feiticeiro ou pajé, era a autoridade mais importante. Tinham como deuses o Sol (Guaraci - mãe de todos os homens) e a Lua (Jaci, criadora dos vegetais). Tupã era o ser supremo, que se manifestava na luz, na claridade do céu, no relâmpago, nas chamas. Rudá era o deus do amor e da reprodução. Existiam divindades menores como Anhambá, deus da caça; Uirapuru, dos pássaros; Mboia-arara, protetor das virgens. Curupira, protetor das florestas; Caapora, gênio do mau, que provocava febre e loucura; e Jurupari, provocador de pesadelos.
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