Com a morte de Tancredo Neves, o presidente eleito no início de 1985, a presidência foi ocupada então pelo vice de sua chapa, José Sarney. A fim de ganhar a confiança dos setores democráticos, Sarney restabeleceu eleições diretas para presidente da república, estendeu o direito de voto aos analfabetos e prometeu uma nova constituição. O lema de seu governo, "Tudo pelo social", era mais uma forma de buscar apoio popular.
José Sarney
Economia
A situação herdada dos governos anteriores exigia mais do que palavras: a dívida externa brasileira chegava à casa dos 105 bilhões de dólares, e a inflação tinha disparado: crescia 18% ao mês, em média. Para enfrentar essa situação, o governo lançou o Plano Cruzado, em 28 de fevereiro de 1986. As principais medias desse plano eram:
Naquele mesmo dia, em discurso à Nação, o presidente Sarney pediu que cada brasileiro ou brasileira fosse um fiscal dos preços.
Nos primeiros meses do plano a inflação caiu e a popularidade do governo cresceu. Mas isso durou pouco tempo.
Com o aumento do consumo, começaram a faltar mercadorias. Além disso, reagindo ao tabelamento, muitos empresários escondiam produtos para forçar o aumento dos preços; os pecuaristas, por exemplo, negavam-se a enviar bois para o abate, e então faltou carne. Diante da falta de mercadorias, algumas de primeira necessidade, agricultores, pecuaristas, industriais e comerciantes começaram a praticar o ágio - cobrança acima da tabela. Com isso aumentaram as críticas ao plano. Dizia-se por exemplo, que o congelamento tinha sido feito sem a devida correção dos salários, trazendo prejuízos aos trabalhadores.
Apesar de todos esses problemas, o governo manteve os preços congelados e, com isso, garantiu sua popularidade e a vitória nas urnas em 15 de novembro de 1986, quando houve eleições parlamentares e para os governos estaduais. A grande maioria dos governadores, senadores e deputados eleitos pertencia ao PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), do presidente Sarney, ou ao partido dos seus aliados, o PFL (Partido da Frente Liberal).
Vencidas as eleições, o governo Sarney reajustou o preço das tarifas públicas (água, luz, gás), da gasolina, do álcool e de vários outros produtos. Esses reajustes foram muito mal-recebidos pela população, que se sentiu enganada pelo governo; a inflação voltou a subir; e o ministro da área econômica, Dílson Funaro, responsabilizado pelo fracasso do Plano, demitiu-se.
Depois disso, foram lançados dois outros planos: o Plano Bresser (1987) e o Plano Verão (1989), que substituiu o cruzado pelo cruzeiro novo e determinou outro congelamento de preços. Ambos, porém, fracassaram. A inflação disparou, e tornou-se preferível colocar o dinheiro em aplicações bancárias do que investir na produção. Houve queda na atividade econômica e aumento do desemprego. A inflação acumulada chegou a cerca de 950% no final daquele ano.
Os brasileiros que até então tinham visto o presente melhor que o passado e depositavam no futuro as expectativas de uma vida melhor perdiam qualquer esperança. Nem mesmo o jargão popular "Brasil, profissão esperança" funcionava para a coletividade. Não havia nada que indicasse saídas coletivas que restaurassem as esperanças de crescimento econômico e garantisse uma mobilidade social.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único. BOULOS JUNIOR, Alfredo.coleção: História Sociedade & Cidadania. fundamental.
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