Os acontecimentos de fevereiro de 1848 na França desencadearam um processo revolucionário em grande parte da Europa. O período dessas revoluções, que se estendeu de 1848 a 1849, ficou conhecido como "primavera dos povos". A luta contra o absolutismo, que ainda predominava na maioria dos países europeus, foi um dos principais alvos dos movimentos revolucionários. Some-se a isso o crescimento da classe operária, que já começava a aderir às idéias socialistas e anarquistas. No entanto, um dos fatores que mais influenciaram as revoluções de 1848 na Europa foi o nacionalismo. Isso porque impérios, como o Austríaco e o Russo, dominavam outras nacionalidades. A Polônia (pelo menos grande parte dela), por exemplo, fazia parte do Império Russo, e a Hungria fazia parte do Império Austríaco. Nada mais natural que esses povos tentassem criar seus próprios Estados. Tanto na Alemanha como na Itália, a luta será por uma unificação política.
A Alemanha e a Itália, tal como as conhecemos hoje, não existiam na primeira metade do século XIX. No caso alemão, o que existia era uma Confederação de Estados Alemães. Dessa Confederação fazia parte vários pequenos Estados - monarquias, ducados, cidades independentes. Mas dela fazia parte também grandes Estados, como a Prússia e a Áustria. Não havia, porém, um Estado alemão com governo unificado. Mas, pelo menos na confederação, havia uma identidade entre os povos alemães.
A presença da Áustria na Confederação aumentava os já inúmeros problemas existentes entre os Estados alemães. A Áustria era o centro de um grande império que dominava outros povos que não eram alemães.
Havia portanto, uma acirrada disputa entre a Áustria e a Prússia pela hegemonia alemã. A Itália, na década de 40 do século XIX, estava bem dividida em vários Estados, entre eles, ao norte, o Estado autônomo do Piemonte. Lombardia e Veneza estavam sob o domínio da Áustria. Ao sul, o reino das Duas Sicílias tinha um regime absolutista feudal, controlado pelos Bourbon. No centro, os Estados Pontifícios, controlados despoticamente pelo papa.
A Prússia saiu na frente na corrida pela liderança alemã. Em 1834, foi formada uma União Aduaneira, com a participação dos vários Estados alemães, exceto a Áustria. Esse acordo, chamado em alemão Zollverein, unificou uma região habitada por cerca de 25 milhões de pessoas, incentivando atividades comerciais e industriais.Quando Frederico Guilherme IV subiu ao poder na Prússia (1840), havia esperanças de liberalização entre a burguesia prussiana. Mas os impostos aumentaram e, para piorar a situação, uma praga destruiu vastas plantações de batata.
A notícia de levante popular na França gerou um movimento de protesto, com grande participação de trabalhadores em todo o sul da Alemanha. A nobreza teve de fazer concessões, admitindo ministérios compostos por membros da burguesia, e não só da nobreza latifundiária.
Em Viena (Áustria), o levante tomou proporções maiores. Em 13 de março de 1848, as ruas da cidade amanheceram cobertas de barricadas. O imperador prometeu a promulgação de uma constituição e foi obrigado a demitir o todo-poderoso ministro Metternich, o responsável pela política anti-revolucionária na Europa. Os povos dominados pela Áustria, incentivados pela rebelião de Viena, iniciaram movimentos de independência: os tchecos proclamaram a independência da Boêmia, na Hungria iniciou-se um levante, e a população de Veneza, no norte da Itália, armou-se para combater o Exército austríaco.
Em Berlim, toda a população se levantou contra as tropas reais, em 5 de março de 1848, o Exército reprimiu violentamente uma manifestação pacífica de operários.
No entanto, a revolução foi vencida em todos os lugares onde se manifestou.
Na Prússia, a debilidade da burguesia alemã e seu receio de se aliar às forças populares na luta contra os conservadores permitiram que estes últimos se articulassem e preparassem a contra-revolução em Viena, na Hungria, em Frankfurt. A Rússia prestou grande ajuda aos reacionários.
Na Itália, já havia por toda parte movimentos clandestinos de características liberais e com projetos de unificação. O mais famoso deles foi o movimento Jovem Itália, de Mazzini, um político liberal-radical. E, no norte, o rei de Piemonte desafiou a dominação austríaca, mas também, como no resto da Europa, o movimento foi derrotado.
As lutas, na Itália e na Alemanha, não cessaram. Mas tomarão o rumo da unificação por outras vias.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.
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