A Grande Depressão norte-americana
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A Grande Depressão norte-americana


A prosperidade dos anos 1920 nos Estados Unidos foi acompanhada de uma febre de investimentos na Bolsa de Valores. Dizia-se que a melhor forma de ganhar dinheiro era comprar ações, esperar algumas semanas e, então vendê-las com grande lucro. Durante algum tempo foi isso o que aconteceu: os investidores, pequenos, médios ou grandes, assistiam seu dinheiro crescer a olhos vistos. A especulação parecia não ter limites. Onde quer que as pessoas estivessem - restaurantes, trens, quadras de esporte -, buscavam um rádio ou telefone para acompanhar as cotações na Bolsa de Valores.

O crash de 1929

Com o aumento da especulação, as ações foram subindo de preço de modo alucinante. Exemplo: quem aplicou 100 dólares em março de 1928, em ações da General Eletric, em setembro do ano seguinte tinha 300. Ocorre, que no final dos anos 1920, o preço das ações já não correspondia à situação real das empresas. Mesmo as ações das empresas com estoques encalhados continuavam subindo de preço. Até que, em um dado momento, uma grande empresa faliu e os investidores temerosos correram para vender ações. Descobriram que possuíam milhões de ações para as quais não havia compradores. Os preços das ações começaram a despencar. Em 24 de outubro de 1929, uma quinta-feira, começou a queda que atingiria o auge na segunda e terça  da semana seguinte, 28 e 29 de outubro: era o crash (quebra) da Bolsa de Valores de Nova York. Tinha início, assim, a Grande Depressão (1929-1933).

Razões da Grande Depressão

Os estudiosos divergem sobre quais seriam os fatores da Grande Depressão. Uma das razões mais apontadas é a concentração de riquezas nas mãos de poucos. Em 1929, as 1 349 maiores empresas do país possuíam juntas uma renda de 7 bilhões de dólares, enquanto a renda de todas as outras juntas mal chegava a 1 740 milhões de dólares. Ao mesmo tempo o crescimento dos salários não acompanhou o aumento dos lucros. Assim, os ricos foram ficando cada vez mais ricos e o número de pobres aumentou o que limitava bastante a capacidade de consumo.

Além  disso, a partir de 1925 os países começaram a se recuperar e voltaram a produzir o que antes importavam dos Estados Unidos. E mais: voltaram a concorrer com os EUA no mercado internacional.

Por fim, note-se que a prosperidade dos anos 20 estava ligada à indústria, e não à agricultura, que esteve em crise durante a década. Com a mecanização e a eletrificação ocorridas no campo, produzia-se muito acima da capacidade de consumo. Assim, os preços dos produtos agrícolas mantinham-se baixos e os agricultores eram obrigados a pedir dinheiro aos bancos.

Resumindo: a concentração capitalista - muito dinheiro nas mãos de poucos, a concorrência européia reduzindo  o mercado dos produtos americanos e a crise agrícola contribuíram para que houvesse muito mais mercadorias do que pessoas com dinheiro para comprá-las. Ficava configurada assim, uma crise de superprodução.

Os agricultores começaram a perder suas terras por não ter como pagar as dívidas com os bancos; os industriais, por sua vez diminuíram a produção e despediam trabalhadores. Com menos pessoas comprando, a crise se agravou ainda mais. A crise atingiu muitos outros países, especialmente aqueles que tinham maior ligação com a economia norte-americana. Isso porque os Estados Unidos diminuíram ao máximo suas compras do exterior, cortaram os investimentos externos e pararam de emprestar a outros países. A conseqüência mais terrível da crise foi o desemprego.

Veja o que um historiador diz:
No pior período da Depressão (1932-1933), 22% a 23% da força de trabalho britânica e belga, 24% da sueca, 27% da americana, 29% da austríaca, 31% da norueguesa, 32% da dinamarquesa e nada menos que 44% da alemã não tinha emprego.

(HOBSBAWM,Eric. Era dos Extremos.p. 97)

 

Mas a crise não atingiu a todos da mesma forma. Os mais duramente atingidos pela crise foram os pobres, contados aos milhões, mesmo durante os "anos felizes"

(...) A produção de automóveis nos EUA caiu para a metade entre 1929 e 1931, (...) a produção de discos para os pobres (discos "raciais" e de jazz dirigidos ao público negro) praticamente cessou por um tempo (...).

(HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos. p. 105)

 

A crise de 1929 e o Brasil

Além de ser o país que mais exportava mercadorias e capitais, os Estados Unidos eram também um dos principais importadores. Durante a Grande Depressão, porém, tanto as exportações quanto as importações norte-americanas caíram 70%. Os Estados Unidos praticamente interromperam as compras de produtos como açúcar, estanho e café, além de suspenderem os empréstimos externos.

Com isso, o Brasil, que na época era um grande exportador de café (mais de 60% das nossas exportações) e tinha nos Estados Unidos o seu maior comprador, foi duramente atingido pela crise. Nossos estoques de café aumentaram e os preços caíram violentamente, o que arruinou muitos cafeicultores e aumentou muito o desemprego.

 

BOULOS JUNIOR, Alfredo. coleção: História Sociedade & Cidadania. ensino fundamental

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