Thais Antonio - Da Secretaria de Comunicação da UnB
O professor Marco Antônio Gomes de Araújo, do Departamento de Artes Visuais, morreu atropelado na noite de sábado, 4 de dezembro, quando fazia o caminho entre a Colina e a L2. Recém-chegado a Brasília, ele começou a dar aulas de desenho no Instituto de Artes (IdA) em setembro. Tinha 51 anos.
A morte do professor gerou um sentimento de inconformidade na comunidade da UnB. Moradores da Colina, professores e estudantes do IdA estão fazendo abaixo-assinados para pedir medidas de proteção ao Departamento de Trânsito do DF (Detran). ?Precisamos de uma barreira redutora de 50 km/h?, afirma Catherine D´Arc, moradora do bloco G da Colina, o prédio mais próximo ao local do acidente. Ela conta que já soube de mais de seis atropelamentos no local.
Saulo Tomé/UnB Agência |
Estudantes e professores fizeram abaixo assinado pedindo providências ao DETRAN |
Na reunião do colegiado do Instituto de Artes, que ocorreu na terça-feira, a professora Izabela Brochado propôs a criação de outro abaixo-assinado para os quatro cursos que compõem o IdA. ?O que estamos pedindo também é uma iluminação melhor para a Colina e para a L3, porque esses locais são um breu?, relata. ?A pessoa às vezes está embaixo do bloco G e o motorista não vê?. A professora lembra que há uma faixa de pedestres perto do local do atropelamento. ?Mas devido à alta velocidade, nem sempre os carros param?.
O prefeito dos campi, Paulo César Marques, afirma que a sinalização L3 não é responsabilidade da UnB, mas que vai conversar com o Detran sobre possíveis medidas a serem adotadas. "A universidade tem o papel de buscar uma solução junto aos órgãos do governo, mas não podemos ir lá e fazer", explica. "Dentro do campus a gente tem autonomia para dizer o que quer, mas na L3 não".
Saulo Tomé/UnB Agência |
Comunidade reclama da falta de iluminação e excesso de velocidade no trecho da L3 |
LEMBRANÇAS - Segundo relatos de estudantes, Marco Antônio tinha optado por não comprar um carro enquanto não encontrasse uma casa que pudesse abrigar o ateliê e o filho que ficou no Rio Grande do Sul. ?Ele falava que queria morar em um lugar que fosse mais tranquilo?, conta a estudante de Artes Plásticas Sayuri Ferreira, que teve a última aula com ele na sexta-feira, dia 3. ?Desde que ele chegou aqui, ele foi em todas as exposições de arte e sempre comentava quando tinha caminhado muito?, lembra Thainá Margalho, estudante de Artes Plásticas.
Marco Antônio aparecia nas aulas sempre vestindo jeans e uma camisa xadrez. Usava óculos, bigode e cavanhaque. Gostava muito de texturas e estampas e o modo com que se vestia era reproduzido em suas obras. ?Os primeiros trabalhos dele foram inspirados nas roupas que ele usava?, conta Sayuri.
Os estudantes lembram dele como uma pessoa simples, simpática e tímida. E que gostava de inovar. ?Ele sempre procurava acrescentar coisas que a gente ainda não tinha aprendido?, diz Thainá. ?Comprou vários objetos em lojas de R$ 1,99 para a gente desenhar. Ele estava montando um acervo de referências?. O professor ainda estava se adaptando à universidade. ?Ele achava que a UnB era bacana, que tinha potencial, mas que faltava estrutura?, lembra a estudante. ?Mesmo com tudo isso, a gente não conheceu ele direito. Não deu tempo?.
Um aluno do professor fez uma obra em homenagem a ele. Veja aqui.
fonte unb agência