O processo de industrialização na Alemanha foi bastante rápido. A concentração do capital e a forma de trustes (associação ou sindicato de especuladores) e cartéis se aceleraram depois da unificação, completada em 1870. No entanto, a derrota da Alemanha na Primeira Guerra desarticulou a produção, provocando um longo período de agitação social e instabilidade política. Para os grandes monopólios, a estabilidade tinha de ser restaurada a qualquer custo.
Esse foi o drama da chamada República Weimar.
A Primeira Guerra, a República e a crise
Os últimos meses do ano de 1918 deixaram claro que a Alemanha era um país derrotado. A entrada dos Estados Unidos na guerra com os enormes recursos que dispunham, determinou a vitória dos aliados (franceses e ingleses). Até o final de setembro, a Alemanha já havia perdido quase 2 milhões de soldados. Um sinal importante de que o fim estava próximo foi a revolta dos marinheiros da base naval de Kiel, em outubro de 1918. Eles repetiram a ação dos soldados russos de um ano antes, quando estourou a Revolução Socialista Russa.
Na Baviera, um grupo socialista tomou o poder local e proclamou a República, embora tenha sido derrotado em seguida. O regime monárquico não poderia suportar mais. No dia 9 de novembro o kaiser Guilherme II abdicou. A monarquia, sem monarca, durou mais algumas horas. Em Berlim, os trabalhadores praticamente tomaram a cidade. O grupo espartaquista, formado por uma cisão da esquerda do Partido Social Democrata, preparava a revolução socialista nos moldes russos. Os setores mais conservadores do Partido Social Democrata, em acordo com um setor do exército, tomaram a dianteira e proclamaram a República, no mesmo dia da abdicação do kaiser. No dia 11, foi assinado um armistício com os aliados, cessando todas as hostilidades.
No início de janeiro de 1919, o grupo espartaquista fundou o Partido Comunista Alemão.
O setor conservador do Partido Social-Democrata preparava, através dos soldados e oficiais desmobilizados, chamados freikorps (franco-atiradores), a repressão aos revoltosos da esquerda. Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, líderes do Partido Comunista, foram assassinados por oficiais freikorps.
A Constituição da República Alemã, oficializada na cidade de Weimar era bastante democrática. O poder legislativo era exercido pelo Parlamento, chamado Reichstag, composto por deputados de diversos partidos, eleitos livremente pelo povo. A presidência da República escolhia o primeiro-ministro, denominado chanceler. No entanto, o artigo 48 da Constituição dava ao chanceler poderes extraordinários, deixando em aberto o caminho para uma verdadeira ditadura.
"Anos Terríveis"
O período entre 1919 e 1923 ficou conhecido como "os anos terríveis". Foi em meados de 1919 que o governo da República de Weimar assinou o Tratado de Versalhes. Por esse tratado a Alemanha ficou obrigada a pagar pesadas indenizações, teve seu território dividido, o exército reduzido a um efetivo de 100 mil homens e foi proibida de ter aviação e grande parte da marinha de guerra.
Foi nessa época que se difundiu o mito de que a Alemanha havia sido " apunhalada pelas costas", traída. Quem eram os traidores? Segundo os partidos de direita, entre eles o chamado Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista, os culpados eram os socialistas, os comunistas e os judeus. Além do mais, eles seriam os responsáveis pelas greves operárias. Essa posição antigrevista garantiu ao Partido Nazista o apoio de poderosos grupos empresariais.
Mas quem militava nesse partido? Principalmente desempregados e ex-combatentes, numerosos na Alemanha da época. O partido atraía também pequenos negociantes e empresários temerosos do "perigo vermelho" (comunismo). Apoiado nessa massa e usando de todos os meios ao seu alcance, principalmente a violência, o Partido Nazista chegou ao poder.
No ano de 1923, a Alemanha já não conseguiu pagar sua dívidas de guerra. Em represália, a França invadiu a industrializada região do Ruhr, agravando a crise alemã e desencadeando uma megainflação. Um dólar chegou a valer 8 bilhões de marcos.
Aproveitando o clima de insatisfação geral, o líder do Partido Nazista, Adolf Hitler, tentou um golpe de Estado. Participaram dessa tentativa antigos combatentes, entre eles o general Ludendorff. O golpe seria dado a partir de Munique, a capital da Baviera, mas foi frustrado pela polícia alemã.
Hitler foi preso e, na cadeia, escreveu um conjunto de pensamentos, que depois foram editados como Mein Kampf (Minha Luta).
1924 a 1929: a euforia alemã
Entre os anos de 1924 e 1929, a Alemanha parecia ter se recuperado da crise econômica. Para isso, contou com grandes empréstimos dos Estados Unidos, através do chamado Plano Dawes. O ministro das Finanças, Hajalmar Schacht, implantou uma política recessiva, acabando com a inflação e estabilizando a economia. Apesar de os salários permanecerem baixos, houve uma diminuição das agitações políticas. Os partidos mais moderados aumentaram o número de seus deputados no Parlamento.
Em fevereiro de 1925, o presidente da República, o social-democrata Ebert, morreu. Numa concorrida disputa foi eleito para ser o novo presidente o marechal Hindemburg. A Alemanha saía gradualmente do isolamento imposto pelos tratados do fim da Primeira Guerra.
Enquanto a situação política se estabilizava, os nazistas, apesar de isolados, organizavam seu partido numa estrutura militarizada e apoiados numa vasta máquina de propaganda, idealizada por Joseph Goebbels. Hitler cercou-se de outros antigos militares, como Ernest Roehm, criador da SA (tropas de assalto), e Heinrich Himmler, criador das SS (tropas de elite).
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único
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