Por volta de 1870, um homem que passou a percorrer a pé o sertão nordestino começou a chamar atenção de muitas pessoas. Seu nome: Antônio Vicente Mendes Maciel, que se tornou conhecido como Antônio Conselheiro, por dar conselhos às pessoas que se reuniam à sua volta.
Filho de um pequeno comerciante de Quixeramobim, Ceará, Antônio nasceu em 1828.
Aos 6 anos perdeu a mãe e, aos 27, ficou órfão de pai. Passou então a cuidar dos negócios da família, que abandonou dois anos mais tarde para casar-se e ser professor em uma escola de fazenda. Tornou-se escrivão de cartório e rábula (advogado sem diploma). Mas um problema pessoal acabou por mudar totalmente sua vida: traído pela mulher que fugiu com outro homem, Antônio passou a andar pelo Nordeste restaurando igrejas e cemitérios. Além disso, começou a ler e a pregar o Evangelho, ouvindo os problemas das pessoas e dando-lhes conselhos.
Antônio Conselheiro
Suas pregações intensificaram-se com a grande seca de 1877, e sua fama cresceu entre o povo, que o considerava beato. Ao mesmo tempo, a Igreja católica, o governo e os fazendeiros, sentindo-se incomodados com sua fama, tentavam impedir suas pregações, que viam como um desafio ao controle que exerciam sobre a população.
Com a proclamação da República, em 1889, Antônio Conselheiro começou a manifestar-se contra o casamento civil e os impostos municipais, medidas implantadas pelo novo regime. Em 1893, na cidade de Bom Conselho, no norte da Bahia, Antônio Conselheiro mandou arrancar e queimar os papéis com orientação sobre o pagamento de impostos que estavam afixados em locais públicos da cidade. Passou então a ser perseguido pela polícia. Ele e seus seguidores refugiaram-se numa fazenda em ruínas, próxima a Bom Conselho, chamada Canudos.
De 1893 a 1897, cerca de 25 mil sertanejos, liderados por Antônio Conselheiro, formaram a comunidade de Canudos. Cultivavam produtos como mandioca, milho, feijão, batata-doce e desenvolviam a criação de cabras. A formação de pastagens, a criação de rebanhos e as colheitas eram tarefas realizadas pelos homens. As mulheres confeccionavam roupas, fabricavam cestos e sandálias e cuidavam da casa. Conselheiro, além de chefe espiritual, era uma espécie de prefeito. Em suas pregações, costumava fazer profecias.
O arraial de Canudos foi se tornando conhecido e atraindo pessoas de regiões distantes. As autoridades viam em Conselheiro um subversivo. Além disso, não sabiam quais eram suas reais intenções e o acusavam de defender o regime monárquico. De fato, o líder religioso pregava contra a república, que, para ele, era ?o reino do Anticristo?. Em 1896, o governo da Bahia recebeu a informação de que a cidade de Juazeiro seria atacada por homens de Antônio Conselheiro. Uma força militar foi preparada para proteger a cidade, mas o ataque não se realizou. As autoridades decidiram então organizar expedições contra Canudos.
Nelson Piletti. Claudino Piletti. Thiago Tremonte. História e vida integrada. ensino fundamental.
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