No auge do escravismo, o controle dos mercados de cativos era disputado por franceses e ingleses.
O tráfico negreiro atinge seu ápice no século XVIII. O sul dos Estados Unidos se especializava na produção do algodão que abastecia a Revolução Industrial nascente. No Brasil, crescia a demanda por escravos para a extração do ouro em Minas Gerais. A indústria açucareira caribenha atingia seu desenvolvimento máximo, com destaque para Saint-Domingue (atual Haiti).Todos esses movimentos funcionavam como uma espécie de engrenagem devoradora de mão-de-obra africana, motivo pelo qual a demanda americana alcançou o seu auge no século XVII, cerca de 1 milhão de africanos escravizados desembarcaram nas Américas; no século XVIII, esse número aumentou para 5,6 milhões.
A competição mais feroz pelo controle das rotas negreiras restringiu-se a portugueses, ingleses, franceses e holandeses. Muitas vezes, todos atuavam na mesma área, o que não os impediu de estabelecerem zonas preferenciais na costa africana.
Por volta de 1760, seis regiões podiam ser identificadas na África Ocidental, de acordo com o comprador europeu predominante. A primeira se estendia do cabo Branco, na atual fronteira entre o Marrocos e a Mauritânia, até Serra Leoa, e era dominada pela França. Os ingleses também atuavam ali e monopolizavam o tráfico entre o rio Casamansa, (atual Senegal), e Serra Leoa.
A segunda se estendia de Serra Leoa até o cabo Palmas, na atual fronteira entre a Libéria e a Costa do Marfim. Logo vinha a região entre os cabos Palma e Três Pontas (atual Gana), onde o comércio era privilégio dos holandeses.
A leste estava a região que se estendia do cabo Três Pontas ao rio Volta, o mais disputado ponto costeiro de tráfico. Ali, a hegemonia inglesa era indiscutível, mas sempre houve espaço para outras nações.
Mais ao leste se localizavam as duas últimas áreas. A primeira era a faixa litorânea que se estendia do rio Volta até Badagri, (atual Nigéria), e daí até o cabo de Formosa, zona de grande presença portuguesa.
No conjunto, a África Ocidental voltou a superar a região congo-angolana em número de escravos exportados para as Américas, com participação residual dos africanos provenientes de portos do Índico. A mortalidade média caíra ainda mais em relação ao século anterior, situando-se em torno de 14% por viagem.
O século de apogeu do tráfico transatlântico, no entanto, seria também o do início do seu fim. As últimas décadas foram marcadas por turbulências que culminaram na eclosão da Revolução Francesa, em 1789, e da Revolução Haitiana de 1791. Os ideais igualitários disseminados a partir da França passavam a questionar a escravidão e encontravam eco na incômoda pregação dos abolicionistas ingleses e na revolta dos escravos haitianos. O sistema atlântico começava a fazer água.
fonte: revista História Viva. ano VI. n 66.
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