Após o golpe de 18 Brumário, o poder do Diretório foi substituído pelo governo do Consulado. Este, que consolidou o poder da alta burguesia, tinha no Executivo três cônsules, eleitos pelo Senado. Entretanto, essa aparente democracia mascarava o poder que detinha o primeiro cônsul: Napoleão Bonaparte.
Napoleão sabia que seu governo, para ter continuidade, precisava tanto do apoio da alta como da pequena burguesia francesa. Por isso, preocupava-se em garantir a segurança interna, necessária ao bom andamento dos negócios. Mas era preciso conseguir a paz externa e afastar o perigo de uma invasão na França. E essa foi uma das principais preocupações de Napoleão nos seus primeiros anos de governo.
As primeiras campanhas militares do novo governo
Os franceses começaram a ser derrotados na Itália por uma coligação de grandes nações. Em 1799, com a saída da Rússia da coligação, o exército revolucionário retomou a iniciativa. Em julho de 1800, Napoleão, já como cônsul e chefe do governo, derrotou os austríacos em Marengo. Em 1801, a Áustria assinou a paz de Luneville, onde eram reafirmados os acordos de Campofórmio, garantindo a hegemonia (supremacia) sobre a Itália. Era o primeiro passo para o estabelecimento da paz na Europa.
Após essa vitória, a Rússia assinou um tratado de paz com a França, e a Segunda Coligação se desfez. A Inglaterra estava isolada no cenário político europeu, pois tanto a Rússia como a Suécia, a Dinamarca e a Prússia rejeitavam suas propostas de isolar comercialmente a França. Assim, em março de 1802, a Inglaterra e a França assinaram o Tratado de Amiens, pelo qual a Inglaterra reconhecia as conquistas francesas. A partir de então. Napoleão pôde de dedicar à reconstrução interna da França.
A reconstrução da França e a transformação da República em Império
Para garantir a estabilidade econômica, vital ao desenvolvimento dos negócios da burguesia, Napoleão centralizou a administração pública e criou o Banco da França, facilitando o acesso da burguesia aos capitais necessários para seus empreendimentos. Ganhou grande popularidade no interior do país, tomando uma série de medidas para legalizar as propriedades conseguidas pelos camponeses durante o governo jacobino.
Napoleão também se preocupava com a educação popular, pois sabia que o desenvolvimento industrial do país dependia da formação de mão-de-obra especializada. Além disso, achava que a escola era um bom lugar para o controle moral e político da vontade popular. Na mesma linha de raciocínio, conseguiu estabelecer um acordo com o papado, que teve de reconhecer a autoridade do estado sobre o clero francês.
Para governar a França, Napoleão usou o plebiscito, ou seja, as suas decisões importantes eram submetidas à apreciação popular pelo voto universal. Esse mecanismo dava-lhe o apoio do homem comum, mas para isso era preciso garantir a boa imagem do governo diante do povo, silenciando as vozes discordantes. Por isso, criou uma forte censura a todos os jornais e uma polícia política destinada a reprimir qualquer oposição a seu governo. Ao mesmo tempo, ganhava popularidade e fidelidade de seus soldados por meio de bem estudada propaganda, especialmente veiculada em jornais militares.
A fim de impressionar a opinião pública, Napoleão construiu grandes obras públicas e modernizou o exército, criando um clima de euforia que beneficiou o desenvolvimento da indústria e do comércio.
Juridicamente, uma de suas maiores obras foi o Código Napoleônico, que refletia os anseios da burguesia francesa: grande parte de seus artigos dizia respeito dos direitos e garantias da propriedade privada. Nesse código a legislação trabalhista constava principalmente de restrições: eram proibidas as associações de empregados, as greves etc. A instituição familiar era também abordada: as leis garantiam o divórcio e submetiam a mulher à autoridade do marido, denominado "a cabeça pensante do casal".
PEDRO,Antonio. História de civilização ocidental. ensino médio. volume único.