A colonização efetiva da América do Norte começou no século XVII, quando a Europa passava por um período de agitação social resultante da reforma protestante. A colonização dessa região foi feita por grupos protestantes que buscavam novos lugares para praticar livremente sua religião.
Os peregrinos, como os primeiros colonos eram chamados, estabeleceram-se, a partir de 1620, na costa leste da América do Norte, formando comunidades que se dedicavam à manufatura, pecuária e pequena lavoura. O trabalho era executado pelo próprio colono e sua família, não havendo latifúndio e escravidão.
Alguns colonos que vinham da Inglaterra estabeleciam-se nas terras dos grandes proprietários do sul da América do Norte, onde trabalhavam em troca de comida, até que sua passagem e estadia, adiantadas pelo fazendeiro, estivessem pagas: era servidão temporária.
Após saldar suas dívidas, o trabalhador partia em direção ao Oeste, para conseguir sua própria terra. Esse tipo de colônia não interessava à Inglaterra, que buscava colônias ricas em produtos primários, que seriam vendidos a bom preço na Europa. Tais produtos só eram encontrados no sul da América do Norte, onde havia grandes plantações de algodão (necessário às manufaturas inglesas) que utilizavam o trabalho escravo.
Assim, enquanto no Sul as relações entre colônia e metrópole se estreitavam, no Norte, o trabalho livre feito por pequenos proprietários, tornava as colônias independentes da metrópole.
Essa relativa independência econômica também se estendia à política: cada núcleo de povoamento tinha um governador nomeado pelo governo inglês. Porém, havia também uma assembléia, eleita pelos colonos, que fazia as leis e votava os impostos, sendo que o rei podia vetar uma decisão da assembléia, mas não podia impor leis sem a aprovação dela. Dessa forma, o pacto colonial quase vigorava na parte norte do território inglês na América.
Atritos entre metrópole e colônia
Durante o século XVIII, as relações entre as colônias do Norte e a metrópole tornaram-se mais tensas. Os colonos norte-americanos disputavam com os comerciantes ingleses o comércio de escravos, as pilhagens aos navios espanhóis e a produção de manufaturados. Uma das mais dinâmicas atividades dos colonos era o chamado comércio comércio triangular: compravam melado dos engenhos do Caribe, transformavam-no em rum e trocavam a bebida por escravos na África, os quais eram vendidos aos grandes proprietários da região sul das Treze Colônias.
A Revolução Industrial, em curso na Inglaterra, exigia que tal concorrência fosse eliminada, para que os lucros ficassem nas mãos da burguesia da metrópole. Para isso, o governo inglês tomou algumas medidas em 1733, o Parlamento inglês aprovou a Lei do Melado, que taxava pesadamente a importação de açúcar e melado pelas colônias prejudicando a fabricação do rum, um dos principais produtos do "comércio triangular"; em 1750, uma lei proibiu a produção de ferro nas colônias e, em 1754, outra lei proibia a fabricação de tecidos.
Porém, essas leis não puseram fim às manufaturas da colônia. O melado era contrabandeado para o Norte e o rum continuava a ser fabricado clandestinamente. Mesmo assim, essas leis atrapalhavam o desenvolvimento da indústria colonial.
Guerra dos Sete Anos
As colônias inglesas na América ficavam todas próximas ao oceano Atlântico. Atrás dos montes Apalaches, havia uma extensa região pertencente à França, habitada por tribos de índios. Nessa região, alguns colonos franceses dedicavam-se ao rendoso comércio de peles com os índios. Tais peles eram enviadas à Europa e vendidas por um preço muito alto.
O crescimento da população nas colônias inglesas exigia uma expansão territorial, impedida pelos colonos franceses que controlavam a região situada além dos Apalaches. Com a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), envolvendo a França e a Inglaterra, a tensão entre os colonos franceses e ingleses aumentou. Em 1758, as colônias inglesas declararam guerra às colônias francesas. Os colonos ingleses eram auxiliados pelos soldados britânicos e os colonos franceses contavam com o apoio de algumas tribos indígenas, temerosas de perder suas terras para os ingleses.
Em 1763, a França se rendeu à Inglaterra, pondo fim à guerra, inclusive nas colônias. Os ingleses anexaram o Canadá às suas colônias na América e as terras que iam dos Apalaches ao Mississipi. Os colonos finalmente tinham a terra e poderiam avançar para o Oeste. Mas a Inglaterra pretendia, ela mesma, colonizar as terras recém-conquistadas e proibiu a incursão de colonos nos novos territórios. Essa medida causou profunda revolta em todas as colônias.
Consequências da Guerra dos Sete Anos
Para compensar seus gastos militares com a guerra, os ingleses adotaram rigorosas medidas destinadas a arrecadar mais recursos de suas Treze Colônias da América do Norte. Entre essas medidas adotadas estavam a Lei do Açúcar (1764), que obrigou os colonos a comprar das Antilhas inglesas todo açúcar que consumissem; a Lei do Selo (1765), pela qual os colonos ficavam obrigados a comprar e afixar seus jornais, anúncios e documentos legais um selo vendido pelos ingleses; e a Lei do Chá (1773). Esta última determinava que os colonos norte-americanos só podiam consumir o chá comercializado pela Companhia inglesa das Índias Orientais.
Em resposta, ainda em 1765 a assembléia de Massachusetts convocou uma reunião de representantes de todas as colônias para protestar contra a Lei do Selo. Realizado em Nova York, em outubro de 1765, o Congresso da Lei do Selo, contou com a presença de nove das Treze Colônias que redigiram a Declaração de Direitos e Agravos.
O descontentamento se transformou em revolta generalizada dos colonos contra os ingleses em 1770, quando um incidente de rua em Boston provocou uma tragédia. O episódio começou com um grupo de garotos que atiravam pedras em um prédio onde se reuniam autoridades britânicas. Soldados ingleses saíram à rua para reprimir as crianças. A notícia se espalhou rapidamente pela cidade, levando os colonos a também saírem às ruas em apoio aos meninos. A tropa abriu fogo contra a multidão, matando cinco pessoas e ferindo várias outras.
Em 1773, revoltados com a Lei do Chá, colonos disfarçados de indígenas penetraram em navios ingleses ancorados no porto de Boston, capital de Massachusetts, e lançaram ao mar centenas de caixas de chá. Em represália, em 1774 o governo da Inglaterra interditou o porto de Boston, impôs um novo governador à colônia de Massachusetts e reforçou as tropas inglesas na região. No mesmo ano, pelo "Ato de Quebec", a Inglaterra proibiu que as colônias de Massachusetts, Virgínia, Connecticut e Pensilvânia ocupassem terras a oeste conquistadas dos franceses na Guerra dos Sete Anos. Todas essas medidas repressivas ficaram conhecidas como Leis Intoleráveis
Assembléia de Massachusetts |
CARDOSO, Oldimar. coleção Tudo é História. ensino Fundamental. PEDRO, Antonio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.