Com a expansão do comércio, mudou também a forma de lidar com a economia. Os governantes europeus, interessados no enriquecimento de seus países e no fortalecimento do Estado, puseram em prática um conjunto de medidas que mais tarde foi chamado de mercantilismo.
Essa palavra só foi criada no século XVIII, apesar de descrever práticas econômicas que vinham sendo adotadas desde o século XVI. O termo foi divulgado pelo economista escocês Adam Smith (1723-1790) em seu livro A riqueza das nações (1776). Eram chamadas de mercantilistas as pessoas que acreditavam na importância das reservas de ouro e prata como sinal de riqueza e poder de um país.
As medidas postas em prática pelos mercantilistas fortaleceram os lucros dos comerciantes, que assim, pagavam mais impostos, usados para sustentar o luxo em que viviam o rei e a nobreza. Para favorecer o comércio, os reis incentivaram a construção naval, a produção de manufaturas e implantaram o monopólio comercial.
Considerado a principal característica do mercantilismo, o monopólio comercial estabelecia que as colônias de países europeus na América e na Ásia só podiam vender seus produtos às respectivas metrópoles. Além disso, as colônias estavam proibidas de instalar suas próprias manufaturas sendo obrigadas a comprar de suas metrópoles os artigos manufaturados.
Outra característica do mercantilismo foi o metalismo. Para os mercantilistas, a riqueza de um país era determinada pela quantidade de ouro e prata que o país acumulava. Por isso, foi muito estimulada a busca de metais preciosos nos territórios coloniais. Quando diminui o trabalho para sua obtenção, eles perdem o valor.
Em 1545, os espanhóis descobriram grande quantidade de prata na montanha de Potosí, na atual Bolívia, então colônia espanhola. Por isso, na Espanha do século XVI, possuir muito ouro e prata não significou tanta riqueza assim, pois esses metais passaram a valer menos quando ficou fácil obtê-los nas colônias americanas.
A crença do metalismo estimulou a obtenção de ouro e prata por meio do comércio. Os governos acreditavam que deviam exportar (vender para outros países) para ter uma balança comercial favorável, isto é, um excedente das exportações sobre as importações.
Como o pagamento das transações comerciais era feito em moedas de ouro e prata, se o resultado das exportações fosse maior que os gastos com as importações, a balança comercial seria positiva e o país estaria mais rico, pois teria aumentado suas reservas de ouro e prata.
Para garantir uma balança comercial favorável. os Estados mercantilistas desenvolveram uma política de protecionismo alfandegário, isto é, cobravam impostos altos sobre as mercadorias importadas para torna-las mais caras do que as fabricadas no próprio país. Assim, o governo protegia os produtores internos da concorrência estrangeira e evitava a saída de moedas.
Os mercantilistas eram a favor de populações grandes para suprir o mercado de trabalhadores (mão-de-obra), compradores de mercadorias e soldados. Economizar era uma prática encorajada, pois naquele momento se acreditava que ela favorecia a acumulação de capital.
O mercantilismo esteve relacionado ao desenvolvimento inicial do capitalismo. Apesar disso, foi combatido a partir do século XVIII pelos capitalistas liberais, defensores da idéia de que todo comércio era benéfico ao país e de que o controle do governo atrapalhava a economia.
CARDOSO, Oldimar. coleção Tudo é História.ensino fundamental