COMPOSIÇÃO
Artes Plásticas

COMPOSIÇÃO


COMPOSIÇÃO

?Composição na arte é essencialmente o arranjo de intervalos?, diz Virgil Elliott, autor do livro Traditional Oil Painting, de 2007. Em conformidade com a continuação dos trabalhos do Grupo de Estudos de Pintura, o post de hoje será dedicado a composição. A base será o supracitado livro de Elliott, mas quando forem usadas outras fontes as mesmas serão citadas.
O cérebro humano reage favoravelmente a alguns intervalos, seqüencias e formas e desfavoravelmente a outros. O bom pintor deve estar ciente das possibilidades que tem em mão para melhor guiar o observador na direção desejada. Intervalos incluem distâncias entre contronos, icrementos de contraste de valor e variações e interações de cor ? ?de fato, tudo que vai numa obra de arte?, diz Elliott.

O objetivo principal de um pintor é atrair e segurar a atenção do observador para a sua obra o máximo de tempo possível. As composições mais bem sucedidas trabalham com uma área de interesse primário, que deve ser atraente desde uma certa distância para atrair o observador para mais perto. Após digerir a área de interesse primário, áreas de interesse secundário e terciário deve chamar a atenção e, enventualmente, mandá-la de volta para a área de interesse primário.

Qualquer linha composicional (intencional ou não) que aponte para a aresta da tela esta na verdade guiando o observador para fora da pintura na direção de outro trabalho. Os grandes mestres sempre interrompem essas linhas e jogam a atenção de volta para a área de interesse primário ou dissolvem-nas antes de chegar ao canto.

Na civilização ocidental temos a tendência de ler os trabalhos da esquerda para a direita, o que faz o canto da direita exercer uma força de atração sobre a visão do observador, portanto é melhor evitar linhas que dirijam o olhar para o canto direito, pois o olhar vai seguir para fora da tela. O mesmo serve para os cantos superiores.

As linhas mais interessantes são aquelas em formato de curvas compostas, ou no formato do S. Espirais também.
A regra geral é:

Mais interessante <----> Menos interessante

Curvas <----> Linhas retas
Diagonais <----> Verticais ou horizontais
Qualquer linha <----> Linhas retas horizontais

Linhas paralelas não costumam ser visualmente interessantes, mas quando ajustadas para seguir um certo grau de irregularidade podem criar um tipo interessante de ritmo. Vejam-se a Rendição de Breda, de Velázquez, ou a Ronda Noturna, de Rembrandt. Essas pinturas mostram que os intervalos são pelo menos tão importantes quanto os próprios elementos.

Velazquez. Rendição de Breda.

Rembrandt. Ronda Noturna.

Um arranjo artístico de intervalos depende mais de um senso de estética do que de fórmulas matemáticas. O artista adquire isso durante seu treinamento e experiência. Resumindo, a composição é o ?senso do que parece e do que não parece certo?.

Contudo, há alguns pontos que devem ser tocados. Primeiro, ângulos retos são menos interessantes que ângulos obtusos ou agudos. Segundo, formas piramidais são mais agradáveis para o olho que formas de grossura constante. E terceiro, a natureza apresenta bem poucos exemplos de linhas realmente retas.

A RAZÃO ÁUREA

Dentro de um espaço retangular, há áreas de maior força e áreas de fraqueza relativa. Pontos focais, áreas de importância primária dentro de uma pintura, ganham força especial se posicionadas nos pontos fortes dentro do plano pictórico. Esses pontos podem ser atingidos intuitiva ou matematicamente. Esses pontos costumam cair dentro das proporções da Razão Áurea. Essa razão é constantemente encontrada na natureza, e foi provavelmente percebida pela primeira vez entre os gregos.

Eu não vou entrar aqui em detalhes sobre como se calcular a razão áurea, quem quiser entre na página da Wikipédia sobre o assunto:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Propor%C3%A7%C3%A3o_%C3%A1urea . A autora e artista Juliette Aristides disseca o uso da proporção áurea na Anunciação de Leonardo da Vinci. A organização seguindo a proporção áurea seria como mostrado na imagem.

Leonardo da Vinci. Anunciação.


Mas alguém pode honestamente olhar para essa pintura e não ter a impressão de que o anjo e a virgem estão separados demais? O resultado é que nós nunca conseguimos focar os dois ao mesmo tempo, causando uma certa agonia ao observar a obra. Aqui vale citar Elliott: ?o julgamento visual deve sempre reinar supremo em assuntos de arte.? Além disso, ele ressalta que artistas não são matemáticos e devem procurar apurar seu senso espacial.

Elliott ainda diz que o centro absoluto de um retângulo será sua área mais fraca. Caso deseje-se centralizar o assunto, recomenda-se colocar o principal ponto focal um pouco acima desse centro. Contudo, diz ele, maiores possibilidades dinâmicas ocorrem ao se colocar o ponto de interesse um pouco ao lado do centro.

O PRINCÍPIO DA BALANÇA


De acordo com esse princípio, uma área mais vazia e limpa é balanceada com uma área mais densa, com maior concentração de elementos, atividade ou maior atratividade visual ; essa área mais densa ocupa um espaço menor que área mais vazia. O peso da área maior deriva do maior espaço que ocupa, enquanto a área menor parece ter o mesmo peso devido à sua maior densidade. O resultado é um senso de equilíbrio com mais dinâmica. Um exemplo é a pintura Boston no Crepúsculo, de Childe Hassam. O jogo de olhar a área mais desocupada e depois a mais densa e vice-versa faz com que o observador passe mais tempo em frente à obra.



Hassam. Boston no crepúsculo.



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