O cenário do século XVII era distinto. Outras nações européias passaram a traficar. Os recém-chegados criaram suas próprias feitorias e fortes ao longo do litoral, a chave do êxito lusitano. Esses novos atores agiam nas brechas abertas pelo rompimento do monopólio da presença espanhola no Caribe e na América do Norte.
Vivia-se o período de desenvolvimento das grandes fazendas especializadas na produção de um único produto para exportação, o chamado sistema de plantation. Baseado no trabalho escravo, esse sistema floresceu nas colônias britânicas, holandesas e, principalmente na América portuguesa, que se afirmou como maior produtora mundial de açúcar.
A vitalidade dos engenhos brasileiros fez com que a coroa portuguesa voltasse sua atenção paulatinamente para a colônia americana, em detrimento do comércio com o Oriente. O boom das grandes fazendas aumentou extraordinariamente a demanda por escravos. No século XVII, os europeus importaram quase sete vezes mais africanos do que no século anterior.
Nesse contexto, os holandeses despontaram rapidamente como novos atores de peso no cenário negreiro. Começaram atacando o poderio português na África ao construírem o forte Nassau, na Costa do Ouro, a partir de 1611.
O mesmo ocorreu na Senegâmbia, quando os navegadores dos Países Baixos conseguiram instalar dois fortes na ilha de Goréa, na costa do Senegal. Por fim, em 1637 os holandeses deslocaram os portugueses de Elmina, forte localizado no litoral da atual Gana, obrigando-os a fixar a sua atenção nas baías de Benin e de Biafra.
Enquanto os holandeses moviam seus peões, outras nações européias também passavam a disputar o controle da costa africana. Os franceses, que já possuíam uma pequena feitoria na região de Ajudá (costa do Benin), expulsaram os holandeses do Senegal na década de 1670.
A Costa do Ouro era palco das mais acirradas disputas entre os europeus. A competição mais duradoura na região dava-se entre ingleses e holandeses. Ao final, os britânicos levaram a melhor e consolidaram seu poder naquela zona, além de agirem também em partes do Senegal e Serra Leoa.
A corrida por escravos, no entanto, não se restringia à África Ocidental. O enorme incremento da produção açucareira da América portuguesa fez com que, pela primeira vez, as exportações da região congo-angolana superassem as dos portos do norte. A mortalidade média dos escravos nos navios negreiros caiu substantivamente em relação o século XVI e fixou-se na casa dos 20% por viagem.
fonte: revista História Viva. ano VI. n° 66
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