Em 1984, foi realizado no Paraná o Primeiro Encontro dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra. Contando com a participação de líderes dos trabalhadores rurais de todo o país, o encontro criou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). A partir de então, o MST passou a ser a principal organização dos que lutam pela terra. Hoje, ele é considerado o movimento social mais importante do país. Segundo algumas fontes, há sob sua bandeira cerca de 350 mil famílias assentadas e 100 mil vivendo em acampamentos. Com ocupações de fazendas improdutivas, acampamentos à beira de estradas, caminhadas de centenas de quilômetros, manifestações nas cidades e outras ações, o MST ganhou expressão política nacional.
Dois massacres de sem-terra, ocorridos no início do governo FHC, não deixam dúvidas quanto à gravidade do problema da terra no Brasil: o de Corumbiara (Roraima), em agosto de 1995, com 11 mortos, e o Eldorado dos Carajás (Pará), em abril de 1996, com 19 mortos.
Por lei, os latifúndios (grandes propriedades rurais improdutivas) podem ser desapropriados pelo governo federal e entregues à reforma agrária. Isso, porém, envolve muitos interesses. Os grandes fazendeiros contam com uma bancada ruralista formada por deputados e senadores no Congresso Nacional para defender seus interesses. Além do mais, os critérios que determinam se uma propriedade é improdutiva ou não são muito brandos.
Outro problema é conseguir fazer uma reforma agrária de qualidade. Muitas vezes as famílias são assentadas, mas as condições para que de fato produzam naquele pedaço de terra não são garantidas. Assim, muitas acabam vendendo suas terras ou simplesmente as abandonam e seguem para as grandes cidades em busca de emprego.
Massacre em Eldorado dos Carajás
Em 17 de abril de 1996, dezenove sem-terra foram mortos num confronto com a Polícia-Militar em Eldorado dos Carajás, no sul do Pará. O confronto ocorreu quando 1500 sem-terra protestavam contra a demora na desapropriação de terras da fazenda Macaxeira. Acusados de estarem obstruindo uma rodovia, a Polícia Militar foi encarregada de tira-los do local por meios pacíficos ou pela violência. Um dos líderes do movimento, Oziel Alves Pereira, de apenas 17 anos, foi torturado e executado com um tiro no rosto. A operação esteve sob o comando do coronel Mário Pantoja de Oliveira.
Em junho de 2002, 124 soldados e cabos acusados de terem participado do massacre foram a julgamento. Todos foram absolvidos. Quanto ao coronel Mário Pantoja, em 2004 foi condenado a 228 anos de prisão.
Veja artigo da Folha online: Ocupações do MST lembram 13 anos do masacre de Eldorado dos Carajás (PA). acesso:28-02-2010
Nelson Piletti. Claudino Piletti. Thiago Tremonte. História e vida integrada. ensino fundamental.
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