O início da segunda metade do século XIX conheceu um certo equilíbrio econômico-financeiro que trouxe como reflexo algum progresso material. Essa situação coincidia com a consolidação do Estado no Brasil, graças, principalmente, ao esquema de repressão, muito bem articulado pela Guarda Nacional.
A estabilidade econômica e a ausência de agitação social proporcionaram o estabelecimento da chamada política de conciliação, característica das alianças partidárias do Império brasileiro. Ferreira Vianna, um político da época, ao expressar sua opinião sobre a situação político-partidária do Segundo Reinado, pôde sugerir um caminho para se entender as difíceis articulações de poder. O partido que sobe entrega o programa de oposição ao partido que desce e recebe deste o programa de governo.
Tanto o Partido Liberal quanto o Partido Conservador tinham os mesmos interesses, principalmente no plano econômico. A maior dinamização da economia, proporcionada pela Tarifa Alves Branco e principalmente pela proibição do tráfico de escravos, abria novos campos de investimento para capitais antes destinados a compra de escravos.
O país passava por transformações no plano financeiro, com investimentos em ações e casas bancárias, onde se faziam grandes negociatas. Tanto liberais quanto conservadores foram os maiores beneficiados desse surto de especulações e enriquecimentos rápidos. Os antagonismos entre os dois partidos tendiam praticamente a desaparecer, pois os dois eram, na verdade, semelhantes. É importante dizer que a política dos gabinetes da conciliação era pautada pela implantação de medidas que facilitassem a livre iniciativa nas atividades econômicas.
A união dos dois partidos tinha, portanto, dois objetivos básicos: manter a situação de privilégios e afastar as possíveis contestações de grupos mais radicais.
Uma demonstração do início da política da conciliação se deu já nas eleições de 1852. A maioria era composta de conservadores e, por um momento, pretendeu não reconhecer o mandato de um deputado liberal. Um outro deputado conservador saiu em defesa do liberal, pedindo apoio para os "oposicionistas esclarecidos e moderados, porque dessa maneira se dava um passo para a aproximação e a conciliação dos partidos".
Em setembro de 1853, o gabinete (ministério) articulado por Honório Hermeto Carneiro Leão, marquês do Paraná, levou adiante a política de conciliar os dois partidos. O gabinete do marquês do Paraná era composto de liberais e conservadores.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.