A situação política e a sucessão presidencial
A política antioperária de Dutra tinha por base uma coligação partidária dos dois maiores partidos conservadores da UDN e do PSD.
De um lado, a UDN reunia os conservadores mais tradicionais do Brasil, homens como Juraci Magalhães ou Otávio Mangabeira, conhecidos como "cartolas", denominação popular para identificar a elite conservadora. De outro, o PSD agregava os oligarcas latifundiários que aceitavam de bom grado as alianças com os udenistas, mesmo que houvesse algumas divergências. Depois da cassação dos comunistas, a única força política de oposição era o PTB. O getulismo populista era sua principal fonte de apoio popular. Getúlio contribuía para aumentar a popularidade do PTB, pois havia sido eleito senador e criticava o governo Dutra.
Somente em São Paulo, a popularidade do Partido Trabalhista Brasileiro não era tão grande: Adhemar de Barros criara o Partido Social Progressista (PSP), de tendências populistas e conservadoras, recebendo o apoio de pequenos proprietários e trabalhadores desqualificados.
O quadro político-partidário era completado por pequenos partidos: o Partido Socialista Brasileiro, composto por intelectuais, o Partido Democrata-Cristão, o Partido Trabalhista Nacional, que nasceu de uma dissidência do PTB.
A UDN e o PSD não chegavam a um acordo na indicação de um único candidato para a sucessão presidencial. E, novamente, a UDN lançou a candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes, rompendo a coligação com o Partido Social-Democrata. O PSD, por sua vez, lançou o mineiro Cristiano Machado como seu candidato à presidência.
Enquanto a UDN e o PSD se desentendiam, o nome de Getúlio Vargas crescia, quase que naturalmente, como o grande candidato à presidência, sendo apoiado incondicionalmente pelo PTB. Secretamente, políticos do próprio PSD passaram a apoiar a candidatura de Vargas. Para viabilizar politicamente sua candidatura, Getúlio precisou buscar apoio também no PSP, de Adhemar de Barros. Só assim garantiria sua eleição.
A campanha e as eleições
Apesar de toda a articulação política de Vargas, ele sabia que sua principal base de apoio eram as massas populares urbanas. Os discursos que Getúlio fazia na campanha eram sempre dirigidos para a maioria dos trabalhadores. Estimulava o operariado a organizar-se para exigir melhores condições de vida e melhores salários.
Em cada cidade que Getúlio Vargas chegava para fazer sua campanha política, era recebido por multidões. Os conservadores da UDN estavam atemorizados.
No dia 3 de outubro de 1950, Vargas foi eleito presidente do Brasil com uma larga vantagem sobre o segundo colocado.
A UDN, o jornal paulista O Estado de São Paulo, de Júlio Mesquita, e o jornal carioca Tribuna da Imprensa, do conservador e ex-comunista Carlos Lacerda (UDN), desencadearam uma violenta campanha contra a eleição de Vargas, argumentando que ela havia sido inconstitucional. Para esse grupo, o presidente tinha de ser eleito com a maioria absoluta dos votos, isto é, mais de 50%.
A Justiça reconheceu a vitória de Vargas, mas essa não seria a última tentativa dos conservadores de impedir Getúlio de governar.
A política econômica e social de Vargas
No dia 31 de Janeiro de 1951, Getúlio Vargas tomava posse como presidente eleito. Em seu discurso deixou claro que iria defender interesses populares.
Os trabalhadores depositavam grandes esperanças no governo de Getúlio, pois as condições de sobrevivência tornavam-se insuportáveis.
Vargas herdou uma difícil crise, deixada pelo governo Dutra. A oposição conservadora fazia toda sorte de ataques às pretensões reformistas do antigo ditador, que procurava defender os anseios populares e a economia nacional contra os interesses estrangeiros.
Vargas buscava apoio nas massas populares para, na área econômica. Pretendia com isso defender os interesses nacionais e lutar pela implantação de uma economia cada vez mais voltada para a implantação de uma economia cada vez mais voltada para a industrialização, de preferência não dependente do capital estrangeiro. O projeto nacionalista de Vargas tinha como objetivo a implantação de um capitalismo mais ou menos autônomo e industrializante.
A política de Getúlio e de seus assessores técnicos esbarrava nos interesses das grandes empresas estrangeiras, especialmente as norte-americanas, e nos setores mais conservadores da sociedade, que estavam associados e submetidos ao capital estrangeiro.
Petróleo
Uma das primeiras medidas do governo getulista foi a elaboração de um estudo sobre petróleo no Brasil. A idéia era formar uma empresa estatal, de capital misto, sem a presença de capital ou interesses estrangeiros. Em outubro de 1953, a Lei nº 2.004 criava a Petrobras. Logo que o projeto foi encaminhado ao Congresso Nacional para discussão e posterior aprovação, começaram várias campanhas contra e a favor. A favor, estavam os nacionalistas, apoiados pelos comunistas, a maioria esmagadora do PTB, parte do PSD e setores nacionalistas do exército. Contra estavam evidentemente as empresas estrangeiras, destacando-se a Standard Oil (Esso), apoiada pelos denominados entreguistas da UDN, isto é, os políticos que achavam que as riquezas do subsolo brasileiro deveriam ser exploradas pela iniciativa privada, especialmente por companhias estrangeiras.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.
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