O mundo depois da Primeira Guerra Mundial - Gripe Espanhola
Artes Plásticas

O mundo depois da Primeira Guerra Mundial - Gripe Espanhola


Depois da Primeira Guerra, a Europa já não era a mesma. Havia perdido a influência no mundo. Mergulhava rapidamente em uma crise que duraria até as vésperas de outra guerra: A Segunda Guerra Mundial.

A Alemanha teve quase 2 milhões de mortes; A França e a Inglaterra, juntas mais de 2 milhões. A Rússia, incluindo a fase da guerra civil, perdeu perto de 5 milhões de habitantes. Enfim, a quantidade de mortos fazia qualquer outro conflito anterior parecer uma pequena batalha perto da carnificina provocada pela Primeira Guerra Mundial.

Os prejuízos materiais eram incalculáveis. O comércio estava praticamente a zero. Somente os países que ficaram distantes do palco da guerra, como os Estados Unidos e o Japão, conseguiram tirar proveito do comércio europeu. Também para a América Latina o conflito trouxe alguns benefícios.

A Primeira Guerra Mundial foi o prenúncio da crise total que se abateu sobre a Europa, ao mesmo tempo que marcou a mudança do centro das decisões para o outro lado do Atlântico. Também acirrou as contradições do capitalismo, a ponto de provocar o aparecimento de uma nova forma de sociedade: a socialista.

História e Saúde

A Primeira Guerra Mundial, considerada um dos mais sangrentos episódios da história da humanidade, é vista por muitos historiadores como um marco no nascimento do mundo moderno. Mas o nascimento desse mundo moderno custou muito em termos de vidas. No total as estimativas variam entre 9 e 10 milhões de mortos. A maioria esmagadora dos soldados era formada por jovens. Muitos desses jovens eram estudantes de Oxford e Cambridge , as mais famosas universidades inglesas.

Porém não só as balas e as bombas mataram durante  os conflitos. A epidemia da chamada gripe espanhola chegou a matar muito mais do que a luta. Veja o exemplo: os Estados Unidos, que se envolveram na guerra só depois de 1917, tiveram cerca de 115 mil soldados mortos, mas a gripe espanhola matou mais de 500 mil americanos.

 

A gripe espanhola mais do que guerra

No outono de 1918, enquanto os aliados empurravam as linhas alemãs para leste, indicando que a guerra estava perdida para a Alemanha, um desastre maior do que a própria guerra estava acontecendo no mundo: o surgimento do vírus de uma gripe desconhecida até então, que se espalhou em proporções de uma pandemia. A gripe havia surgido na primavera daquele ano. O lugar exato onde se originou é desconhecido até hoje, mas as teorias popularizadas de sua origem acabou dando o nome pelo qual ficou conhecida, GRIPE ESPANHOLA. Uma primeira onda da gripe  chegou ao auge nos meses de junho e julho de 1918,  mas foi em outubro e novembro que o número de mortes atingiu índices alarmantes. Foi somente na primavera de 1919 que a gripe começou a diminuir a sua devastadora tarefa de matar.

A mortalidade epidêmica foi simplesmente monstruosa. Na França, calcula-se que tenham morrido cerca de 166 mil pessoas na Alemanha, 225 mil, na Inglaterra 230 mil. Nos Estados Unidos, mais de 550 mil pessoas morreram em conseqüência da epidemia da chamada gripe espanhola. Na Ásia, uma das grandes atingidas foi a Índia, com mais de 1.6 milhões de mortos.

A gripe teve um particular impacto sobre a população jovem, entre crianças e adolescentes. Cerca de 25% das vítimas tinham 15 anos de idade ou menos, e 45% tinham entre 15 e 35 anos. Ao todo, mais de 20 milhões de pessoas morreram vítimas da epidemia - número muito maior do que o provocado pela guerra.

Muitas explicações para as origens da gripe surgiram na época, mas o agente causador não tinha ainda sido isolado; portanto, permaneceu desconhecido. A gripe teve um caráter de praga, por isso foi vista por muitos como um castigo divino para punir a maior carnificina já feita na história do ser humano, em especial na frente ocidental. Outras hipóteses surgiram na época para explicar as condições que favoreceram a difusão da gripe. Segundo uma dessas teorias, bastante divulgada, a gripe se deveu ao enfraquecimento dos habitantes das cidades, carentes que estavam de alimentação apropriada, dando condições para o aparecimento de doenças. E, na frente de batalha, condições de insalubridade, infestação de piolhos, ratos etc.

Todo tratamento que se experimentou contra a gripe se mostrou ineficaz, e a ignorância sobre sua origem impedia a fabricação de uma vacina. A causa viral da gripe espanhola só foi descoberta em fins de 1933, quando o vírus mutante já havia praticamente desaparecido.

WINTER, J. M. The experience of World War (tradução dos autores). Oxford: Equinox, 1988. p. 134.

PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.

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