Com a posse de Juscelino e seu vice, no dia 31 de janeiro de 1956, o Brasil estava entrando em uma era de desenvolvimento. O novo presidente garantia que, com seus planos, faria em cinco anos o que normalmente levaria cinqüenta. Era o "50 anos em 5".
A política econômica de Juscelino foi, de certa forma, a continuidade mais elaborada da política getulista. Se o Brasil era, já havia tempos, um mercado consumidor considerável, mas importava um volume muito alto de produtos industriais que consumia, tanto Getúlio como Juscelino pretendiam substituir essas importações por produtos fabricados aqui. É a denominada política, a produção industrial brasileira em 1961 foi seis vezes superior à de 1940.
Como no período de Getúlio, era o governo o agente dessa industrialização; havia portanto, uma constante ligação e dependência dos empresários em relação ao Estado industrializante, que garantiu a maciça entrada de capital estrangeiro em nossa economia.
Os capitalistas brasileiros subordinaram-se gradativamente e de forma crescente aos seus sócios estrangeiros, situação que vinha desde a Instrução 113 da Sumoc, da época de Gudin: os empresários podiam importar equipamentos sem o peso de tributos fiscais.
No período de Getúlio, a industrialização estava voltada para os bens de produção (aço, petróleo, etc.). Com Juscelino a indústria procurou atender a um crescente mercado de bens de consumo duráveis, principalmente de eletrodomésticos e automóveis.
JK esperava que, com a intensa industrialização e o desenvolvimento da nação, a democracia no Brasil se consolidasse, diminuindo as diferenças entre ricos e pobres.
Juscelino Kubistchek de Oliveira. Presidente do Brasil (1956-1961)
Esse projeto de desenvolvimento empolgou o Brasil, envolvendo todas as classes sociais. Esse apoio popular legítima o seu governo, criando, assim, o novo pacto populista entre as massas trabalhadoras e o chefe de Estado.
Além disso, a política econômica de Juscelino tinha também um forte apoio no exército. Lott, ministro da Guerra, era a garantia militar dessa política.
O Plano de Metas: "50 anos em 5"
Os planos da política econômica de Juscelino apoiavam-se nos projetos da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) e nos financiamentos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE). O denominado Plano de Metas previa o desenvolvimento do setor de energia (hidrelétricas, petróleo, carvão, energia atômica), dos transportes, da indústria, da produção de alimentos e da educação.
Outra meta era interiorizar o desenvolvimento econômico com a construção de uma nova capital no centro do país: a moderna Brasília.
De onde viriam os recursos para promover tamanho projeto de desenvolvimento? Em primeiro lugar a emissão de papel-moeda, criando uma crise com o FMI, que condenava essa prática. Vieram também de novos impostos sobre os combustíveis. Outra fonte de recursos foi o capital estrangeiro sob a forma de empréstimos ou de aplicações diretas de grandes empresas estrangeiras. O Eximbank, por exemplo, concedeu empréstimo de 126 milhões de dólares. Outros financiamentos foram concedidos pelos governos da França, da Alemanha e do Japão.
Expansão, indústria automobilística e contradições
Os planos desenvolvimento deram muitos resultados. Cresceram consideravelmente a produção de bens de consumo industrializados, a extensão da malha rodoviária, a produção de aço. Brasília foi construída em tempo recorde.
Em pouco tempo, 300.000 caminhões e automóveis de marca Volkswagen, Ford, Chevrolet, DKW ou Simca, de fabricação nacional, percorriam as nossas ruas e estradas.
Esse foi o grande problema que envolveu o Brasil. As grandes empresas internacionais obtiveram grandes lucros com esse surto de desenvolvimento. A classe média, consumidora de bens duráveis, principalmente de automóveis, símbolos de status, se beneficiou muito com a fabricação nacional e a abertura de mais estradas de rodagem. Mas a maioria da população, que não tinha acesso ao automóvel, não viu melhoras no transporte coletivo, pois não se priorizou o transporte ferroviário, a fabricação de trens, o transporte de massa.
Esse desenvolvimento foi também muito desigual, acentuando as profundas diferenças regionais. No Sul e no Sudeste concentrava-se grande parte da riqueza, enquanto o Norte e o Nordeste permaneciam empobrecidos.
Uma das tentativas do governo de JK no sentido de minimizar as diferenças entre o Brasil rico e o Brasil pobre foi a criação da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), sob direção do economista Celso Furtado. Isso ocorreu em meio à crescente agitação dos trabalhadores rurais nordestinos, que sofriam com a seca dos últimos anos da década de 1950. Os camponeses chegaram a organizar-se politicamente nas chamadas Ligas Camponesas, sob a liderança de Francisco Julião.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único
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